Você já sabe em quem vai votar nas Eleições 2022? O primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República aconteceu no último domingo (28) e foi organizado pelo grupo Bandeirantes, Folha de S. Paulo, Uol e TV Cultura. Nele, Jair Bolsonaro (PL), Lula (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe d'Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União) discutiram temas relevantes para que o público possa conhecê-los melhor e decidir qual dos presidenciáveis mais o representa.
Entre diversos assuntos tratados, como corrupção, educação, economia, saúde e políticas voltadas às questões das mulheres, o debate, infelizmente, também ficou marcado pelo que deixou de ser comentado por qualquer um dos seis candidatos presentes.
Focados em serem apresentados aos eleitores brasileiros, os políticos que disputam o cargo de chefe do Poder Executivo se esquivaram de alguns temas urgentes para nós, principalmente no que diz respeito à pauta indígena, racismo e a situação da Amazônia. Por mais que alguns candidatos tenham tocados nessas temáticas quando respondiam alguma pergunta, em nenhum momento eles se tornaram o foco do debate.
Em 2022, no momento em que acabamos de passar por um cenário catastrófico para a população indígena (vide a votação pela tese do Marco Temporal, genocídio da população nativa, assassinatos de militantes da causa e retirada de outros direitos); de levante da pauta racial (dois anos após a onda de protestos que gritavam Vidas Negras Importam, a exigência de maior representatividade e a ampliação do entendimento acerca do racismo estrutural); e da destruição da Amazônia (desmatamento, incêndios e acentuação da crise climática), fica difícil ignorar qualquer um desses assuntos sendo o(a) possível próximo(a) Presidente da República.
Também é importante ressaltar a ausência de protagonismo negro e indígena no debate. Isso se refletiu não só entre os candidatos à presidência, mas igualmente nos jornalistas e mediadores da conversa. Até quando aceitaremos impunimente que a maioria da população não se vê representada em nenhum daqueles que ocupam o palco de uma das maiores eleições dos últimos tempos?
No lugar dessas questões urgentes, alguns candidatos prezaram por dar espaço para ofensas, piadas e levantar polêmicas ao invés de tratar os temas com seriedade. Jair Bolsonaro atacou a jornalista Vera Magalhães ao vivo, se referindo à ela como "uma vergonha para o jornalismo brasileiro". "Acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão em mim. Não pode tomar partido num debate como esse. Fazer acusações mentirosas ao meu respeito", acusou.
Em solidariedade com Magalhães, a candidata Soraya se pronunciou enfatizando seu descontentamento com a fala do adversário. "Quando eu vejo o que aconteceu agora, contra a Vera, eu fico extremamente chateada. Quando homens são tchutchucas com outros homens e com mulheres são tigrão, eu fico extremamente incomodada. Eu fico brava", assumiu.
A candidata do União Brasil ainda completou: "E digo mais para você, lá no meu estado tem mulher que vira onça e eu sou uma delas. Eu não aceito esse tipo de comportamento e de xingamento e, acima de tudo, disseminar ódio entre os brasileiros e nos dividir. Do jeito que está, eu vou começar a entregar muita coisa aqui. Reforcem a minha segurança, delegado", adiantou.
Simone Tebet também quis criticar o posicionamento do presidente quanto à sua postura com as mulheres: "Nós temos que dar exemplo, exemplo que lamentavelmente o presidente não dá quando desrespeita as mulheres, quando fala das jornalistas, quando agride, ataca e conta mentiras, como acabou de fazer".
Além da declaração misógina comum ao discurso do atual presidente, também houve piadas e farpas soltas entre alguns políticos. O ex-presidente Lula ironizou o fato de Ciro Gomes ter ido para Paris na época do 2º turno das eleições 2018, de forma a se abster da disputa entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro, argumentando que ele mesmo não teria feito isso. O candidato do PDT, então, retrucou afirmando que o outro estava preso naquele período.