O veganismo não é um monstro de sete cabeças como dizem por aí. Tampouco um estilo de vida que contempla só quem tem grana. Inclusive, essa é uma ideia um tanto equivocada do movimento e que vários influencers vem desconstruindo aos poucos. Para entender melhor tudo isso, entrevistamos Thallita Flor (@thallitaxavier), dona do blog "Meu Corpo Negro", que está sempre falando sobre suas experiências pessoais com a modificação da dieta.
Thallita conheceu o veganismo há muitos anos através da prima. Mas foi depois do caso do Instituto Royal, com a descoberta de maus-tratos e testes em beagles e outros animais, que a influencer decidiu aderir ao movimento. "Resolvi que era a forma mais ética de levar a vida", contou.
Pra quem ainda não sabe o que distingue o veganismo do vegetarianismo, calma que o Purebreak resume. Uma pessoa vegetariana não come proteína animal, embora consuma alguns derivados, como leite, queijo, ovo e até use roupas de couro ou lã - diferente do veganismo, que corta tudo isso.
Ser vegano vai além de uma dieta alimentar. É um movimento totalmente pró-animais e meio ambiente.
Para Thallita, a principal motivação na hora de mudar de vez os hábitos foi saber o tempo todo o porquê do que estava fazendo. "De um modo geral, eu nunca pensei em desistir porque eu entendia o que aquilo significava. A transição foi muito tranquila", disse.
No entanto, embora muitas vezes a gente saiba o que está fazendo, discursos alheios podem atrapalhar. É o que acontece com o veganismo e ideias que o associam direto a um estilo de vida elitizado. Tanto no Instagram, quanto no blog, Thallita procura desfazer esse estereótipo e mostrar que tanto a dieta, como os hábitos podem ser, sim, acessíveis. "O meu objetivo é mostrar para a pessoa toda uma questão de ancestralidade", disse. "Eu tenho assuntos voltados para a população preta. Toco numa questão de comida ancestral, como nossos antepassados comiam, como eles sobreviviam pra gente entender o quanto fomos colonizados", completou.
O mais importante para Thallita é mostrar que as pessoas têm autonomia alimentar, reconheçam o que estão comendo e entendam que uma alimentação de qualidade "é naturalmente uma alimentação vegetariana, que não explora animais, nem o planeta". Isso é uma coisa que ninguém aprende na escola e que faz falta, segundo a influencer.
"Se você quer ser vegano, você pode ser vegano", reiterou Thallita. "Se a gente levar em consideração que a população pobre do nosso país, paupérrima mesmo, a alimentação deles não tem carne ou derivados, é basicamente a mistura de arroz, feijão e mandioca, então, por que você, que está numa situação melhor, está colocando impeditivo o fato de ser uma alimentação mais cara?", refletiu.
Já parou pra pensar em como muitas vezes as barreiras são nossas?! Se você está incomodado com algo e querendo partir pra mudança, mas sem coragem, a chave é buscar informação. Pesquise, pergunte, converse!