Alerta: cuidado com gatilhos e conteúdo sensível!
Sabe quando você assiste aquele filme bem dramático e se sente "depressive" logo depois? Ou então quando você vê aquelu sue amigue sendo muite organizade e metódique e fala que elu tem "TOC"? Pois bem, nada disso ajuda no combate à psicofobia, o preconceito contra pessoas que sofrem com doenças mentais. Na verdade, há diversas palavras e expressões que falamos no nosso cotidiano que fazem um grande desserviço para a sociedade.
Por isso, o Purebreak falou com a psicóloga Névia Rocha para entender melhor como essas gírias podem impactar negativamente na saúde mental. Além disso, reunimos alguns termos que usamos inocentemente, mas que precisamos tirar do nosso vocabulário.
É muito comum quando alguma pessoa ao nosso redor fala algo e, logo em seguida, mude drasticamente de opinião, que chamemos aquilo de "bipolaridade". Ao contrário do que muitos pensam, a Doença Bipolar, conhecida também como Doença Maníaco-Depressiva, é caracterizada por variações acentuadas no humor de indivídue, apresentando crises de depressão e mania, como definido pela Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares (ADEB). Então não é a mesma coisa que ser apenas indeciso ou incoerente.
O Transtorno de Ansiedade é algo sério. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença afeta aproximadamente 264 milhões de pessoas ao redor do mundo. E o Brasil é o país com mais incidência. Retemos o maior índice de indivídues com o transtorno no mundo, chegando a quase 19 milhões de brasileires que convivem com ele.
Todo mundo tem dias em que fica nervose para algum evento ou animade com algo que está para acontecer. Mas o Transtorno de Ansiedade vai além disso, afetando o dia a dia de muites. Em alguns casos, é necessário remédios fortíssimos para tratar o problema. Por isso, você deve tomar cuidado ao falar que é uma pessoa ansiosa, quando não é o caso.
Ser organizade e manter hábitos de higiene cautelosos não significa, necessariamente, ser portadore do Transtorno Obsessivo Compulsivo, comumente chamado de "TOC". Na verdade, segundo o portal Vittude, a condição é caracterizada por dois polos: a obsessão, que é relacionada a pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes indesejadas, e a compulsão, que diz respeito aos atos mentais e comportamentos repetitivos que a pessoa que sofre com a condição se sente compelida a fazer em resposta a obsessão ou a um conjunto de regras.
Esse outro também é um problemão. A depressão foi considerada pela OMS como "o mal do século XXI". Ela ainda é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, afinal, em casos graves, pode levar ao suicídio. Ainda segundo a organização, cerca de 5,8% dos brasileiros sofrem com isso.
Por isso, precisamos tratá-la com seriedade e deixar de banalizá-la. Depressão não é tristeza. Todo mundo se sente triste ou para baixo de vez em quando, mas a doença tem muitos outros sintomas e envolve todo um tratamento a longo prazo para poder ser tratada.
Segundo a psicóloga Névia Rocha, o grande problema em torno disso é estereotipar a dor de outre, a usando de forma leviana, como gírias. A aplicação equivocada desses termos pode elevar ao extremo os preconceitos que já existem a respeito da saúde mental.
"A maior parte dessas 'gírias' passam longe da dor ou dos sintomas reais que a pessoa que realmente tem aquele diagnóstico sente. Desumaniza e indivídue, como se uma pessoa se resumisse a um diagnóstico ignorando toda a subjetividade de ser humane e sua história de vida", garante a profissional.
Ela ainda ressalta que distúrbios mentais não tem face. "Achamos que podem ser facilmente identificados por meio de um estereótipo, quando na verdade convivemos com inúmeras pessoas com diferentes questões e que jamais imaginaríamos apenas olhando para sua aparência. Isso faz com que as pessoas usem essas 'gírias' na frente de quem realmente tem essas questões sem nem mesmo imaginar. Isso causa sofrimento e desconforto para elas, especialmente por ver seu diagnóstico ser representado de forma tão equivocada e num contexto que não cabe (como dizer que pessoas com Bipolaridade são indecisas ou sem caráter, quando na verdade se trata de um transtorno de humor que tem tratamento e não precisaria ser estigmatizado dessa forma)".
O uso dessas gírias pode até contribuir para o isolamento, uma crise ou até mesmo o suicídio de alguém, garante Rocha. Por isso, precisamos urgentemente tirar todos esses termos e expressões do nosso vocabulário.