Em sua chegada à França, a Renfe vai aplicar uma estratégia que sempre negou à Espanha: ser "low-cost"
Publicado em 6 de outubro de 2023 às 15:28
Por Larissa Barros
A Renfe, principal operadora de trens da Espanha, inicia sua expansão rumo à França, marcando um momento histórico para o setor ferroviário europeu. Este movimento ambicioso sinaliza uma nova era de competição no transporte ferroviário, refletindo as mudanças recentes no cenário da mobilidade europeia.
Em sua chegada à França, a Renfe vai aplicar uma estratégia que sempre negou à Espanha: ser "low-cost" Em sua chegada à França, a Renfe vai aplicar uma estratégia que sempre negou à Espanha: ser "low-cost"© Getty Images
Ao desembarcar na França, a Renfe adota uma abordagem "low-cost", algo que nunca considerou para a Espanha
Na França, a Renfe opta pela tática "low-cost", uma estratégia inédita em sua atuação na Espanha
A entrada da Renfe no mercado francês é marcada por uma virada "low-cost", uma proposta que nunca foi apresentada na Espanha
A Renfe surpreende ao escolher o modelo "low-cost" para sua estreia na França, contrariando sua abordagem tradicional na Espanha
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Renfe já opera na França. O AVE parte pela primeira vez da Espanha, em uma movimentação que vem sendo planejada há anos e é o primeiro passo para competir no país vizinho, da mesma forma que a SNCF faz com o Ouigo ou a Trenitalia com o Iryo.

O primeiro AVE para a França partirá em 13 de julho de Barcelona com destino a Lyon, sendo também o primeiro trem inteiramente espanhol a cruzar os Pirineus regularmente. Após esta rota, o próximo objetivo até o final do mês é conectar Madrid a Marselha.

A intenção da Renfe é se estabelecer permanentemente na França. E faz isso com uma política de preços agressiva, com bilhetes a partir de nove euros entre estações francesas e desde 19 euros para conectar a França à Espanha.

Renfe se aventura a competir fora da Espanha

O trem partirá de Barcelona Sants às 8h22 e passará pelas estações de Girona, Figueres Vilafant, Perpignan, Narbonne, Béziers, Montpellier-St-Roch, Nîmes e Valence TGV antes de chegar a Lyon Part Dieu, em uma jornada completa de cerca de cinco horas. A Renfe também oferece um retorno a partir das 14h30.

Em 28 de julho será lançada a rota Madrid-Barcelona-Marselha, uma viagem que partirá da capital espanhola às 13h25 e chegará à França às 21h, após cerca de oito horas de viagem.

Renfe planeja disponibilizar cerca de 9.700 assentos por semana e 28 circulações semanais, com preços a partir de 19 euros para viajar de Montpellier ou Narbonne até Barcelona, Zaragoza e Madrid, e de 29 euros para a rota completa até Marselha ou Lyon.

Estes são preços competitivos, mais próximos aos oferecidos pela AVLO do que pela própria Renfe. A operadora de trens espanhola deseja entrar na França com uma estratégia semelhante à do Iryo e Ouigo na Espanha, que forçaram a redução dos preços nos últimos anos.

A presença da Renfe na França não é completamente nova. Em 2013, a Renfe e a SNCF formaram uma aliança para realizar essas rotas, mas em 2022 a cooperação foi rompida. Nessas viagens, basicamente, cada operador gerenciava a parte da rota de seu respectivo país. Agora, será a Renfe quem operará a rota inteira, de forma semelhante a como a Ouigo opera na Espanha independentemente.

A liberalização do mercado ferroviário já mudou a paisagem na Espanha em pouco tempo. E na França está prestes a fazer o mesmo desde que aprovou uma legislação equivalente em 2020. Além de competir contra o operador nacional SNCF, a Renfe terá que competir com a Trenitalia, que já oferece rotas conectando Paris a Lyon, Turim e Milão há dois anos.

Raül Blanco, presidente da Renfe, declarou que "é um dia histórico para o setor ferroviário espanhol e europeu" e que o objetivo da Renfe é chegar a Paris até o verão de 2024, coincidindo com a celebração dos Jogos Olímpicos.

Palavras-chave
Mundo Viagem Internacional