Foi após passar a noite de 1º de dezembro de 2018 no Pronto-Socorro do hospital Lariboisière, devido a uma queda, que Catherine Corsini teve a ideia de fazer de um hospital como ponto de partida para seu próximo filme. Após "La Belle Saison" e "Un Amour impossible", dois filmes de época, a cineasta enfrenta questões contemporâneas urgentes - como o movimento dos "Coletes Amarelos", a implosão dos hospitais diante da pandemia de Covid-19 - com "A Fratura".
Acontecendo ao longo de uma noite de inverno de 2018, o filme acompanha três personagens confrontados com uma atmosfera pesada e perturbada em um pronto-socorro sobrecarregado: Raf, que quebrou o braço, acompanhada por sua esposa Julie, e Yann, que foi ferido em uma manifestação dos Coletes Amarelos.
Com a câmera no ombro, Catherine Corsini mergulha profundamente neste pesadelo noturno, onde a tensão nunca diminui. Nesta tragicomédia social, que às vezes se aproxima do documentário (os profissionais de saúde do filme, incluindo a revelação Aïssatou Diallo Sagna, premiada com o César de Melhor Atriz Coadjuvante, são reais), a diretora consegue mesclar risadas e lágrimas, raiva e ternura, o íntimo e o político.
Tudo isso apoiado por um excelente trio de atores: Valeria Bruni Tedeschi, Marina Foïs e Pio Marmaï. Indicado ao César de Melhor Filme Francês do Ano de 2022, "A Fratura" é, sem dúvida, o espelho de uma época.