9 teóricas do feminismo negro que você precisa conhecer
Publicado em 26 de março de 2021 às 18:42
Por Purebreak
As mulheres não são todas iguais e, por isso, não temos apenas um tipo de feminismo. As vertentes feministas servem para trazer maior representatividade aos grupos de mulheres e também enriquecem o debate comum. O feminismo negro, por exemplo, é essencial para entender as discussões de gênero no Brasil. Pensando nisso, listamos as principais teóricas que discutem o tema para que você comece a buscar conhecimento e se engaje na luta.
9 teóricas do feminismo negro que você precisa conhecer 9 teóricas do feminismo negro que você precisa conhecer© Getty Images
Angela Davis escreveu o livro "Mulheres, Raça e Classe" e é uma das teóricas do feminismo negro mais reconhecidas no mundo
Audre Lorde foi uma feminista negra, lésbica e filha de imigrantes caribenhos que viviam nos Estados Unidos
Para o feminismo negro, a representatividade importa e inspira outras meninas
O feminismo negro articula as demandas de mulheres pretas e é essencial para entender o movimento no Brasil
O feminismo negro pauta também a aceitação estética da beleza negra
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Muito mais do que uma das vertentes do movimento, o feminismo negro é visto como parte essencial para compreender a luta pela equidade de gênero, principalmente no Brasil. O país sofreu com a escravização de pessoas negras por séculos e, consequentemente, as mulheres pretas encaram os efeitos disso até hoje. Além disso, a população negra é maioria no país, o que aumenta ainda mais a importância de escutar o que essas mulheres têm a dizer.

Pense só, a mulher negra carrega dois tipos de opressão ao mesmo tempo: além de ter que lidar com os preconceitos e discriminações de gênero, ela precisa enfrentar o racismo diário na sociedade. Ao compreender a história e as necessidades das mulheres pretas, estamos cuidando de problemas que ultrapassam o feminismo.

E como começar a estudar sobre o assunto? Para nossa sorte, há várias teóricas incríveis que viveram e escreveram sobre o feminismo negro. Acompanhe a lista para conhecê-las e saiba como empoderar o movimento de mulheres negras.

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1. Angela Davis

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Pensa em uma mulher influente e com história de luta! Angela Davis é uma filósofa estadunidense que integrou o grupo Panteras Negras. Sua militância pelos direitos das mulheres e contra o racismo ganhou bastante notoriedade desde a década de 70. A obra mais conhecida da teórica é "Mulheres, Raça e Classe" (2016), na qual ela apresenta um olhar marxista e interseccional para as questões de gênero da mulher negra, fazendo uma relação entre a questão social, racial e o machismo.

As ideias imprescindíveis de Angela Davis – Blog da Boitempo

2. Djamila Ribeiro
Dijamila Ribeiro é uma teórica feminista brasileira que escreveu o livro "Quem Tem Medo do Feminismo Negro?" © Instagram, @djamilaribeiro1

Muito presente na mídia brasileira, Djamila Ribeiro se tornou mais conhecida a partir da publicação "O que é lugar de fala?", um termo que ainda é constantemente mal interpretado. O livro faz parte da Coleção Feminismos Plurais, organizada pela própria Djamila. Mestre em Filosofia Política, a acadêmica ainda atua como colunista no jornal Folha de S. Paulo e na Elle Brasil. Recentemente, lançou o livro "Quem Tem Medo do Feminismo Negro?" (2018).

3. bell hooks
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Gloria Jean Watkins adotou esse nome, que é escrito em letras minúsculas mesmo, em homenagem a sua bisavó. Nascida nos Estados Unidos, a teórica se formou em Literatura Inglesa, fez mestrado na Universidades de Winsconsin e doutorado na Universidade da Califórnia. Durante sua infância, estudou em escolas só para crianças negras, no período de segregação racial do país. bell hooks investiga raça, gênero e classe, explorando assuntos como a arte, educação, mídia de massas, feminismo e história. Sua recente publicação "Olhares Negros: Raça e Representação" (2019) é apenas uma das mais de 30 contribuições literárias feitas pela teórica.

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4. Lélia Gonzalez

Lélia merece todo reconhecimento do Brasil e do mundo. Ela foi uma filósofa brasileira que acumulou também formações em antropologia e história, tendo iniciado a discussão da interseccionalidade antes mesmo do termo ser introduzido no meio acadêmico. Gonzalez já falava da dupla opressão vivida pela mulher negra, que é o que resume o conceito.

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A teórica fez também diálogos com a psicanálise e escreveu sobre feminismo, marxismo, anti-imperialismo e a defesa da democracia. Para levar à frente sua militância, candidatou-se a cargos públicos no Rio de Janeiro e se envolveu com coletivos importantes ainda na década de 1970. Quando Angela Davis veio ao Brasil, fez menção honrosa à escritora e alertou as feministas do país para a valorização de figuras nacionais: "Eu acho que aprendo mais com Lélia Gonzalez do que vocês comigo", provocou a filósofa estadunidense.

5. Sueli Carneiro

Sueli Carneiro é mais uma referência brasileira do feminismo negro. Seu nome é extremamente reconhecido para os debates sobre a mulher preta no país. A filósofa e ativista antirracista fundou e coordena o Geledés - Instituto da Mulher Negra, uma organização política voltada para o combate ao racismo e às questões das mulheres negras. A instituição atua também como portal de notícias sobre a comunidade e o movimento.

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6. Patricia Hill Collins

Collins é professora universitária de Sociologia da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. Foi a primeira mulher a atuar como presidente da Associação Americana de Sociologia. Suas teorias falam sobre o feminismo e as questões de gênero no país, com foco para a mulher negra. Patricia Hill Collins teorizou, por exemplo, sobre as imagens de controle que marcam a figura feminina negra na sociedade. Sua principal obra é "Pensamento Feminista Negro: Conhecimento, Consciência e a Política do Empoderamento" (1990).

7. Chimamanda Ngozi Adichie

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Lembra daquela música "Flawless", da Beyoncé , que já começa com uma definição do que é feminismo? Esse trecho é falado por Chimamanda Ngozi Adichie, mas a teórica deve ser reconhecida por muito mais. Natural da Nigéria, Chimamanda traz contribuições essenciais da literatura africana.

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Seus livros já foram traduzidos para mais de 30 idiomas. Quando tinha 19 anos, se mudou para os Estados Unidos, onde se formou em Comunicação e Ciências Políticas. A obra literária "Americanah" (2013)" traz uma história de amor que não deixa de lado questões importantíssimas sobre gênero, raça e identidade.

8. Audre Lorde

audre lorde - Portal Amigo do Idoso

Audre Lorde foi uma feminista negra, lésbica e filha de imigrantes caribenhos que foram viver nos Estados Unidos. Sempre tendo uma perspectiva revolucionária da sexualidade, ela também discutiu o termo autocuidado feminino, criticando sua banalização feita por motivos mercadológicos. Audre Lorde era ainda defensora dos direitos civis no país e fez muitas contribuições para o conceito de mulherismo.

9. Beatriz Nascimento

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A sergipana migrou para o Rio de Janeiro, onde se formou em História no ano de 1971. Beatriz sempre conciliou a vida acadêmica com a militância em movimentos negros, buscando pautar o reconhecimento das terras quilombolas. No entanto, ao falar das discriminações vividas pelas mulheres negras, contribuiu para a formação do que hoje conhecemos como feminismo negro.

Ela foi também professora, roteirista e poeta. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), iniciou mestrado com orientação do comunicólogo Muniz Sodré, um dos mais reconhecidos do Brasil. Infelizmente, a formação foi interrompida quando a historiadora foi assassinada pelo companheiro de uma amiga com 5 tiros à queima-roupa.

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