Estamos no Mês do Orgulho LGBTQIAP+ e, por sorte, cada vez mais temos ícones da comunidade e personagens em séries, filmes e novelas para nos inspirar. Porém, esse nem sempre foi o caso. Há algumas décadas, apenas a ideia de ter um beijo gay em novela assustava o público - sim, o mesmo público que vê, sem problemas, cenas de violência e todos os tipos de crimes.
Para chegarmos até aqui, muitas pessoas tiveram que persistir para mostrar que o amor não é - nem pode ser - exclusivo para casais cisgêneros e heterossexuais. No Mês do Orgulho, separamos 9 momentos marcantes para a comunidade LGBTQIAP+ na televisão brasileira.
O primeiro beijo entre duas mulheres aconteceu em 1963, na TV Tupi. A novela "A Calúnia" foi responsável pelo momento, que aconteceu 11 anos depois do primeiro beijo hétero - ou seja, foi bem impactante. O beijo rolou entre as atrizes Vida Alves e Geórgia Gomide, que interpretavam duas mulheres que trabalhavam em uma escola. No enredo, o colégio é fechado após rumores de que as duas estavam tendo um caso.
O primeiro beijo entre dois homens também rolou em 1963, entre Lima Duarte e Cláudio Marzo. Os dois se beijaram na peça "Panorama Com Vista Para a Ponte", que na época foi televisionada para os demais telespectadores. Na história, um queria provar para a mulher em questão que o outro era gay - ou seja, não se trata de uma história de amor. "Pegava ele e dava um beijo violento. É uma grande cena! Um beijo na boca", afirmou Duarte em entrevista ao Uol.
É impossível pensar em novela sem falar da TV Globo, né? O primeiro beijo gay da emissora demorou bastante para sair, sendo apenas em 2013, em "Amor à Vida". Quando os capítulos foram ao ar, o possível namoro entre Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) gerou polêmica, mas no final, o romance foi bem recebido e a novela teve boa audiência.
Levando em conta como a Globo demorou para sair com o final feliz de Félix e Niko, o beijo de duas mulheres em "Babilônia" surpreendeu logo no primeiro capítulo da novela. Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg interpretavam Teresa e Estela, respectivamente, e eram um casal de lésbicas idosas, o que já quebra muitos tabus importantes.
Não foi novela, mas o beijo entre Gilberto e Lucas Penteado no "BBB21" também marcou ao ser o primeiro beijão entre dois homens do reality, que já dura há mais de 20 anos. Em seguida, Lucas também sofreu bifobia, já que muitos acreditavam que ele era hétero e, assim, a situação toda rendeu bons debates.
Voltando um pouco no tempo, uma grande referência do movimento LGBTQIAP+ também fez história na TV brasileira. Rogéria interpretou Ninete, uma travesti, em "Tieta". A novela fez sucesso no finalzinho da década de 1980 e até ganhou reprise no Canal Viva, em 2017. A última novela que a artista fez antes de morrer foi "Babilônia", que também marcou a televisão.
A novela "A Força do Querer", de Glória Perez, mostrou com profundidade a história de Ivan (Carol Duarte), um menino trans que passa por toda a sua transição ao longo dos capítulos. Com o enredo inspirado na história de Tarso Brant, a novela trouxe bastante informação e ajudou a conscientizar grande parte do público sobre a comunidade trans.
Ainda há muita confusão sobre orientação sexual e identidade de gênero - que são duas coisas totalmente diferentes. Por isso, quando a novela "Salve-se Quem Puder" protagonizou um beijo entre um homem trans e uma mulher cis, foi um momento impactante.
A jovem foi a primeira participante trans de todo o reality, na edição de "BBB11". Após a chegada de Lina - ou seja, demorou mais de 10 anos para vermos outra mulher trans no "BBB" -, Ariadna falou sobre sua estadia na casa e relembrou, em texto no Instagram, que preferiu se manter mais reservada no reality: "Me senti coagida".