Você já ouviu falar sobre o patriarcado? Como colocado em vários livros que explicam o feminismo na sociedade, sua influência já foi muito maior, mas isso não significa que as mulheres de hoje em dia não continuem sendo afetadas por esse mecanismo de controle.
Já percebeu que quando escutamos sobre grandes feitos da história, seja na ciência ou na vida cotidiana, sempre nos deparamos com nomes masculinos? O motivo está longe de ser pela falta de mulheres donas de grandes invenções ou descobertas.
Durante a história, o patriarcado foi responsável pelo apagamento dessas personalidades incríveis e geniais. Iremos destacar algumas delas, mas antes: você sabe o que significa esse termo?
O patriarcado está relacionado ao poder e à dominação dos homens, que estão presentes em diversos setores da sociedade e permanecem na estrutura social, ou seja, em tudo que dá forma para nossa vida cotidiana.
Ele se manifesta em instituições muito cruciais para o desenvolvimento de qualquer pessoa, como:
- A família;
- A escola;
- O trabalho;
- A mídia;
- A política;
- A economia.
O resultado dessa pressão é a subordinação das mulheres, que são obrigadas a exercer papéis secundários e abdicar de seus sonhos, vontades e interesses. Os homens são considerados mais inteligentes, fortes e capazes para tomar as decisões.
E, claro, estamos falando aqui também de privilégios. A figura patriarcal mais representativa é a de um homem branco e heterossexual. Devemos entender ainda que os homens da comunidade LGBTQIA+ - que engloba vários grupos - e negros não representam totalmente o patriarcado e têm menos privilégios em determinados cenários.
1. Rosalind Franklin (1920 - 1958)
Rosalind começou a tirar raio-X de estruturas de DNA e constatou a dupla hélice que hoje estudamos na escola. James Watson e seu parceiro Cricks já estudavam essa possibilidade, mas foram só as imagens da biofísica que comprovaram a teoria. Ela as apresentou aos cientistas em uma palestra e, depois, a dupla publicou os estudos sem dar os créditos à Rosalind.
Quatro anos após a morte da cientista, em 1962, os dois homens receberam o Prêmio Nobel e a participação feminina no estudo nunca foi reconhecida. Até dá para imaginar que Rosalind tenha tentado algo, mas, sabendo que o patriarcado era ainda mais forte naquela época, como mostram todos os filmes sobre a luta feminista, é fácil entender que o reconhecimento caberia com mais facilidade aos cientistas.
2. Nettie Stevens (1861-1912)
Nettie Stevens foi uma bióloga e geneticista no começo do século XX. Só isso já um grande feito, já que muitas conquistas feministas estão no dia a dia das mulheres e nem sempre em grande invenções. Mas Nettie conseguiu ir além e descobriu os cromossomos XY, ao mesmo tempo que o cientista E.B. Wilson.
Adivinhem quem foi reconhecido pelo feito? Seguindo o patriarcado, Wilson recebeu o mérito pela descoberta! As teorias dos dois, no entanto, tinham algumas distinções. O cientista acreditava que o sexo era afetado por questões ambientas, enquanto Nettie defendia que apenas a genética tinha influência. Com o tempo, a hipótese da geneticista foi confirmada.
3. Chien-Shiung Wu (1912 - 1997)
Chien-Shiung Wu foi uma física sino-estadunidense que conseguiu a prova para desmentir a Lei da Paridade. Ela estava fazendo alguns experimentos com cobalto radioativo, em 1956, sem intenção de conseguir o feito. Na época, Tsung-Dao Lee e Chen-Ning Yang estavam levando em consideração a invalidade da lei, mas não tinham algo que comprovasse a teoria.
Os dois ganharam o Prêmio Nobel e, mais uma vez, a mulher ficou de fora. Já deu para perceber que até a premiação alimentou o patriarcado durante a história, né?
4. Marion Donovan (1917 - 1998)
E não é só na pesquisa científica que as mulheres conseguem dar grandes saltos. Marion inventou a fralda descartável, nos anos 40, dentro de sua própria casa. Ela teve a ideia após se incomodar demais com a quantidade de fraldas que precisava lavar de seus filhos todos os dias. Marion colocou uma cortina de chuveiro sobre o objeto de pano, deixando-o impermeável.
Hoje em dia já sabemos que esses produtos descartáveis poluem o meio ambiente e, inclusive, já há diversas opções para substituir o absorvente íntimo durante a menstruação. Ao mesmo tempo, as fraldas descartáveis facilitaram a vida dos responsáveis que precisam cuidar de seus bebês.
Esta história tem ainda mais um detalhe, que é marcado pela presença do patriarcado. Em 1959, Victor Mills usou a ideia inicial de Marion para desenvolver um novo tipo de fralda, que chamou de Pampers, e deu início à empresa que atua no mercado até hoje.
5. Hedy Lamarr (1914 - 2000)
Lamarr é considerada a "mãe do Wi-fi" e teve uma vida única. Nascida em Viena e judia, casou-se com um fabricante de armas que mantinha negócios com nazistas e fascistas. Fugiu da pressão patriarcal que sofria no casamento e foi para os Estados Unidos. Lá, tornou-se atriz e foi bem sucedida na carreira.
Como se não bastasse essa história, Lamarr, junto com o compositor George Antheil, conseguiu desenvolver sua ideia de "salto de frequência", que ajudou as Forças Armadas dos EUA a impedir os grampeamentos de rádios militares. Ela enviou sua patente para a Marinha do país, mas a proposta foi arquivada.
Depois de um tempo, a instituição passou a desenvolver outros projetos com base na pesquisa da atriz sem creditá-la. A partir da descoberta, foi possível criar o Bluetooth, o Wi-Fi e o GPS, por exemplo.
No ano de sua morte, em 2000, a patente original foi revelada por um pesquisador e Hedy ganhou o prêmio Eletronic Frontier Foundation Award.
Percebeu que quase todas essas mulheres são brancas? Isso também tem seus motivos, que estão relacionados a oportunidades e privilégios dentro da educação e da ciência. Você pode entender melhor sobre o assunto na matéria que conta algumas diferenças entre o feminismo negro e feminismo branco feita pelo Purebreak.