The Weeknd dominou o mundo da música em 2020, com a sua era "After Hours", cheia de conceito e clipes incríveis. Mas o cantor já mostrava seu talento inovador há muito tempo, traçando uma história que o consolidaria como um dos artistas mais importantes da década. Mesmo tendo sido esnobado pelo Grammy este ano, The Weeknd impactou fãs antigos e novos com sua música e seus discursos importantíssimos sobre o racismo na indústria - e fora dela. Se você ainda precisa se convencer de que ele é um dos maiores artistas da nossa geração, estamos aqui para isso.
Abel Makkonen Tesfaye - seu nome de batismo - nasceu no Canadá, filho de imigrantes etíopes. O pai deixou a família quando Abel ainda era pequeno, e sua juventude não foi das mais fáceis. Mas, depois de postar algumas músicas no Youtube, lá em 2011, ele se jogou de vez na carreira musical com a mixtape "House Of Balloons" - que é parada obrigatória para os fãs do cantor.
Ele misturou várias referências musicais, letras bem explícitas e uma voz totalmente inconfundível, que iria marcar a carreira de The Weeknd. A mixtape foi tão bem recebida - tanto pela crítica, quanto pelos novos fãs - que o cantor foi notado pelo rapper Drake, que também ajudou na sua popularização. Quem tem um início de carreira assim, já é uma aposta para ser estrela.
Quem não ouviu "Can't Feel My Face" tocar em algum lugar em 2015, deveria estar vivendo em baixo de uma pedra. The Weeknd já fazia bastante sucesso na cena R&B e rap, mas explodiu mesmo para o mainstream com a faixa. Mais ou menos na mesma época, "The Hills" e "Earned It" também estavam se destacando na indústria musical. "Earned It", que fez parte da trilha sonora de "Cinquenta Tons de Cinza", foi seu primeiro top 5 na Billboard Hot 100. Logo depois, "The Hills" conquistou o seu primeiro topo dos charts.
Foi nessa época que ele começou a ser comparado com Michael Jackson, recebeu inúmeras críticas positivas e conquistou o topo das paradas no mundo inteiro. O álbum "Beauty Behind The Madness" foi lançado com as canções, ele foi indicado a SETE Grammys, e ganhou dois. Nem parece que é a mesma premiação que o esnobou esse ano, né? "Earned It" também rendeu ao The Weeknd uma indicação ao Oscar, por Melhor Canção Original. Seu próximo álbum, "Starboy", repetiu a receita do sucesso, recebendo mais uma coleção de críticas positivas, topos das paradas e mais um Grammy.
É conceito, coesão e aclamação sim. A era "After Hours" fez o mundo inteiro perceber o quanto a criatividade de The Weeknd é única, e não tem limites. O cantor manteve um pouco da sua melancolia e a transformou em um mundo pop-disco, misturado com uma história crítica e quase macabra, sendo contada como um filme através dos clipes e apresentações ao vivo. Esse tipo de conceito foi uma surpresa para alguns, mas quem já conhecia The Weeknd sabia muito bem do que ele era capaz.
Ele canta a sua própria história nas letras, passando pelos relacionamentos conturbados com Bella Hadid e Selena Gomez, violência, até o uso de drogas. Abel faz isso com tal maestria que é impossível não se envolver. As apresentações e os vídeos da era "After Hours" são um show à parte: ele criou um personagem para criticar a cultura de celebridades, a obsessão absurda pela "perfeição" estética e a forma como, muitas vezes, os famosos são desumanizados pelo público e pela mídia.
Com todo o sucesso na carreira, The Weeknd não esqueceu as coisas que realmente importam. Ele é uma grande voz para o movimento negro e provou isso mais uma vez em 2020. Em meio aos protestos do "Black Lives Matter", várias vezes em que recebeu um prêmio - e foram muitas - The Weeknd pedia justiça por George Floyd, Breonna Taylor e Jacob Blakeburing, vítimas da brutalidade policial nos Estados Unidos, e lembrava ao mundo dos ataques racistas que a comunidade preta sofre todos os dias.
E não só isso: ele doou cerca de R$2,5 milhões para organizações do movimento antirracista, só no ano passado. O cantor também doou R$ 1,6 milhões para vítimas da explosão em Beirute, na capital do Líbano, e R$5,4 milhões para o combate da pandemia da Covid-19. Abel é um homem de ações, e um artista que se posiciona tanto na sua música quanto fora dela.
E é claro que alguém que não tem medo de falar o que pensa, como The Weeknd, não ficaria calado em ser injustiçado pela maior premiação da música. O fato de "After Hours" - ou sequer a música "Blinding Lights" - não ter recebido nenhuma indicação ao Grammy desse ano escancarou, mais uma vez, o favoritismo e o racismo das premiações. The Weeknd exigiu explicações, para ele mesmo e para os fãs, sobre como a música e o álbum que mais se destacaram no ano não foram reconhecidos. Ele também fez uma piadinha no seu clipe "Save Your Tears", jogando um prêmio longe, o que levou os fãs a loucura.
Mas se o reconhecimento não veio pelo Grammy, ele veio pelo SuperBowl. A final da NFL é o evento mais assistido do ano nos Estados Unidos, e também é transmitido mundialmente. Ou seja, é uma ótima exposição e uma honra para o artista que se apresenta no show do intervalo. The Weeknd foi o convidado de 2021, e não decepcionou. O show marcou o fim da era "After Hours" com uma performance cinematográfica, muitos efeitos visuais e um monte de hits. Não há dúvidas de que The Weeknd está mais do que consolidado como um dos maiores artistas da sua geração, e vai inspirar muitos outros que estão por vir.