Quem nunca se sentiu cansade e esperou ansiosamente pelo fim de semana? Isso é a coisa mais normal do mundo, porém, devemos estar atentes para o sentimento não sair do controle. Uma exaustão forte e falta de motivação constante no trabalho e na escola podem ser sinal de burnout.
A condição fala sobre um esgotamento focado especialmente na vida profissional e acadêmica, como explica o psiquiatra José Fernandes Vilas, autor do livro "Quando o Sucesso vira Burnout". Por isso, o Purebreak conversou mais com o especialista, a fim de entender a condição que afeta 3 a cada 10 profissionais no Brasil, segundo dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho. Confira!
É comum termos dias estressantes no trabalho ou na escola, porém, quando a tensão se torna parte da rotina, o nosso organismo começa a sentir e dar sinais de que precisa de cuidado. O burnout é o que acontece, nos casos mais graves. "A partir de semanas e meses a fio tendo altíssimo nível de estresse isso se tornaria um estresse crônico. Essa condição massiva, dia após dia, quando é mal administrada, ou seja, quando a pessoa não consegue conciliar o autocuidado, ela entra no processo de adoecimento por burnout", explica José Fernandes Vilas.
E com autocuidado, o médico inclui algumas atividades simples - mas que fazem toda a diferença para a nossa saúde: ter boas noites de sono, praticar atividade física e dedicar algum tempo da semana para socializar com família e amigues e ter atividades de lazer. São por meio desses cuidados que o cérebro consegue descansar e, assim, se preparar para mais atividades.
Para identificar a doença - seja em si mesme ou em conhecides -, o psiquiatra lista alguns dos sintomas mais comuns, que são:
- Irritabilidade;
- Cansaço que não passa;
- Sono irregular;
- Lapsos de memória;
- Improdutividade;
- Indiferença acentuada;
- Sentimento de insatisfação.
Especialista na doença e conhecido popularmente como Dr. Burnout, José Fernandes Vilas também aponta alguns sinais de atenção que podem levar à condição - como um ambiente tóxico de trabalho e assédio moral no ambiente profissional. "Às vezes, um dia de uma meta abusiva, por exemplo, a pessoa consegue levar de maneira eloquente, mas se ela permanecer por muito tempo produzindo bastante, não vai conseguir manter a entrega. Assédio moral, exigir demais do funcionário e mudanças constantes na empresa também causam burnout", explica.
Percebeu que está apresentando sintomas ou conhece alguém que pode estar com burnout? Não precisa se preocupar, porque a condição tem cura. O psiquiatra aponta que o diagnóstico precoce auxilia - e muito - no tratamento, que vem acompanhado de terapia e aconselhamento médico.
"O paciente deve procurar um profissional especializado em saúde mental. Pode ser tanto um neurologista quanto um psiquiatra [...] A terapia cognitiva comportamental é recomendada. É o que chamamos de mindfulness, que trata as demandas do paciente sentidas por ele naquele momento, como, por exemplo, ter pânico de passar na porta do trabalho, entre outras", aponta.
Outro fator destacado por José Fernandes Vilas são as mudanças de hábitos no dia a dia do paciente: "Investir no cuidado pessoal, ou seja, fazer atividade física, que também melhora os hábitos do sono, ter horas de lazer e tempo em contato com a natureza e com a família. Tudo isso melhora a qualidade de vida".
Por fim, o médico destaca a necessidade de separar a vida pessoal da profissional: "A pessoa tem CPF e CNPJ", ressalta Dr. Vilas.
Quando falamos de burnout, que é um estresse relacionado à vida profissional, é comum que venha à cabeça imagens de adultos em escritórios padrões e tediosos. A realidade não é bem assim. Qualquer pessoa, como crianças, adolescentes e idosos podem sofrer com a condição. Por isso, conhece-la e saber identificar seus sintomas é tão importante.
O burnout pode acontecer pela rotina puxada de estudos e atividades extracurriculares, assim como qualquer emprego formal de 45 horas semanais. Então, é preciso que e estudante mantenha um dia a dia equilibrado, separando tempo adequado para descanso e lazer. O cuidado deve ser redobrado em épocas de vestibular, quando a cobrança aumenta, podendo intensificar também os sintomas.