Longe de ter o controle sobre a pandemia do coronavírus, o Brasil se aproxima de 520 mil mortos. Com isso, você provavelmente conhece alguém que faleceu recentemente, mesmo que seja um primo do tio de sua mãe. A questão é que até se você for uma das pessoas que não teve nenhuma morte na família, você ainda pode estar experimentando alguns dos sintomas do luto.
Pode parecer estranho, mas, com a pandemia, muita gente está descobrindo sobre o luto coletivo. Isso significa que você não precisa, necessariamente, conhecer alguém que faleceu pessoalmente para ficar triste, preocupade ou desanimade. Afinal, a gente olha nos noticiários e é morte atrás de morte. Sem contar no falecimento de artistas queridos pelo público, como o humorista Paulo Gustavo, no começo de maio. Quantas pessoas você não ouviu falando: Nossa, parece que perdi um amigo"? Pois é, isso acontece.
Então, se você acha que não precisa saber mais sobre o luto, pense direito. Até porque a morte é a única certeza que temos na vida e encará-la com mais naturalidade é muito importante. Por isso, separamos 8 fatos sobre o luto que, se você não sabe, vale descobrir.
Falamos do luto coletivo, que normalmente acontece após grandes acidentes, pandemias ou mortes de celebridades queridas. Mas o luto, na verdade, pode aparecer em qualquer final de capítulo sofrido. Isso quer dizer que um término de relacionamento, uma mudança de cidade ou até mesmo crescer e se tornar um adulto pode gerar alguns sentimentos de luto - já que é uma despedida de uma parte de você.
Um fato que muita gente fala, mas vale repetir é: o luto não é linear. Isso significa que você pode estar muito bem em uma semana e, logo depois, sentir que alguém acabou de te dar a notícia da perda e sofrer tudo de novo. Você pode se atentar a alguns gatilhos - músicas, filmes, cheiros - e tentar evitá-los quando necessário. Mas a maior dica é: não fuja dos seus sentimentos! Se você não refletir sobre a dor, ela vai dar um jeito de aparecer mais tarde.
"Nossa, eu não senti X ou Y", "Meu Deus, eu nem chorei". Tudo bem! Não tem nenhuma cartilha que mostra como se portar quando perdemos alguém ou algo importante. Cada um vai lidar com a dor da sua própria maneira - seja querendo se distrair vendo filme de comédia ou ficando na cama, chorando. Não se cobre e nem cobre as outras pessoas que estão dividindo o sentimento com você.
Tudo bem que o luto não é linear e é um processo de altos e baixos, mas é importante lembrar que ele melhora. Muita gente fala isso e quando você tá no ápice do seu sofrimento, pode pensar: "Não, melhorou pra fulana porque ela não amava tanto a pessoa" ou ainda "eu sou mais sensível, não vou superar".
A gente sabe que parece impossível, mas é verdade que melhora. Você não para de sentir falta e nem volta a ter a vida que tinha antes, mas aprende a lidar com a dor e descobre uma outra forma de viver. A saudade avassaladora vai se transformando em uma saudade nostálgica. Mas não adianta querer pular da perda para a superação rápido assim. Infelizmente, leva tempo.
Você já parou para pensar como fazer psicólogo pode te ajudar na vida? Pois bem, quando alguém está em um processo de luto, esse auxílio profissional se torna ainda mais importante. Ter uma pessoa experiente para te ouvir e te aconselhar faz toda a diferença. É também o(a) terapeuta que vai perceber alguns comportamentos que podem estar dificultando nossa melhora, facilitando a caminhada.
Várias religiões falam da vida após a morte, seja focando na reencarnação, em um paraíso ou um purgatório de almas. Quando alguém morre, é natural se questionar sobre isso. Nesse processo, pode ser que você - antes, não religioso - se identifique com a lógica de uma crença ou, ainda, mude algumas ideias pré-concebidas da sua religião. Tudo é válido, lembre-se de não se cobrar.
Nos primeiros dias, semanas e meses que perdemos alguém, recebemos muito apoio. Com o tempo, algumas pessoas param de perguntar como você está ou mostrar seus sentimentos de solidariedade. Mas isso não quer dizer que essas pessoas não se importam ou que esqueceram de você, às vezes elas só acham que você não quer mais falar sobre o assunto ou algo do tipo. Por isso, vale lembrar também que você não está sozinhe e amigues e familiares que se importam, sempre vão estar lá para te ouvir.
Nós não sabemos lidar com a morte. Além de ser realmente difícil, a cultura brasileira tende a deixar o assunto de lado. Por isso, podemos pensar que falar sobre a morte pode atrair o falecimento de alguém ou coisas ruins, de maneira geral. Mas não é o caso. Se você tem um parente muito doente, por exemplo, e se pega pensando como vai ser se a pessoa morrer - não se preocupe. Isso não vai alterar o destino de alguém.
Você pode, e deve, falar sobre a morte e todos os medos e dores que vêm acompanhando. É claro que só pensar no assunto pode fazer mal a longo prazo, mas se permita sentir e conversar sobre seus sentimentos sem culpa!