Qual é a importância da Marvel abordar saúde mental em suas produções?

A Fase 4 do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) começou oficialmente com as séries "WandaVision" e "Falcão e o Soldado Invernal", do Disney+. As produções, apesar de terem pegadas bem diferentes, têm um ponto importante em comum: a saúde mental no desenvolvimento de seus personagens, principalmente Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Bucky Barnes (Sebastian Stan). Muito além da ação e da comédia já esperadas, as séries entregaram uma carga dramática necessária. Afinal, os eventos de "Vingadores: Guerra Infinita" e "Vingadores: Ultimato" foram bem traumatizantes. Qual é a verdadeira importância da Marvel estar abordando a saúde mental tão abertamente nas suas produções?

Quando falamos de histórias de super-heróis, quase nunca pensamos nas vulnerabilidades dos personagens - e não estamos falando de Kriptonita. Eles passam por situações extremamente estressantes, cometem erros que podem custar vidas e também tem seus problemas pessoais. Por muito tempo, os fãs da Marvel - ou de quadrinhos e heróis no geral - ficavam satisfeitos em consumir histórias que apenas pulavam de uma briga para a outra, sem realmente trabalhar o desenvolvimento dos personagens em um nível mental. Mas a Marvel Studios resolveu ir em um caminho diferente dessa vez: as consequências de atos, escolhas e situações traumáticas afetam até mesmo os maiores heróis da Terra, e isso precisa ser mostrado.

Esta é a oportunidade da Marvel abordar temas como depressão, ansiedade, luto, traumas, síndrome do impostor e muitos outros que ainda são tratados como tabus na sociedade, apesar de tantas pessoas lutarem contra estas dores diariamente. Se você acompanha as histórias em quadrinhos, já deve ter visto estes assuntos várias vezes. Mas não podemos negar que os filmes e séries são plataformas bem mais acessíveis e que alcançam mais pessoas. Por isso, é tão importante que o MCU tenha a mesma voz ativa das HQs.

Antes de "WandaVision" e "Falcão e o Soldado Invernal", nós vimos Tony Stark (Robert Downey Jr.) lidando com estresse pós-traumático em "Homem de Ferro 3". E, talvez, Thor (Chris Hemsworth) lidando com a depressão em "Vingadores: Ultimato", apesar disso não ter sido dito explicitamente. Mas nada se compara ao que as produções da Fase 4 estão fazendo. Nós, como espectadores, vemos Wanda aprendendo a voltar ao controle da sua mente, mesmo após ter passado por tantos traumas, e criamos uma identificação importante com a personagem. Quantas pessoas também perderam alguém que amavam e sentiram que não poderiam mais seguir?

Assim como Wanda, Bucky está tendo que lidar com o luto e a solidão, além do trauma por ter sido controlado todos esses anos. Ele sofre com a culpa e ainda está aprendendo a lidar com as consequências dos crimes do Soldado Invernal, como vimos nas cenas da sua terapia. É mais do que normal que personagens como eles estejam sobrecarregados por suas dores, e não se sintam merecedores do status de heróis. Afinal, ao menos uma parte deles é apenas humana. Já vimos esse mesmo sentimento refletido em outros personagens, como Natasha, a Viúva Negra (Scarlett Johansson) e até Steve Rogers (Chris Evans).

Nem tudo é sobre criar super-heróis inalcançáveis. Na verdade, os que nos identificamos são os que mais nos apegamos no final. Ver nossos personagens favoritos lidando com questões que também vivemos nos faz sentir validados, compreendidos e um pouco menos sozinhos. Se até os Vingadores batalham para manter a saúde mental em dia, está tudo bem se você também está batalhando.