Nesta segunda-feira (25) comemoramos o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, data que é fruto de muita luta e resistência desse grupo. E não há como negar a importância dessas mulheres para o mundo, como um todo.
Entretanto, ainda precisamos de datas como estas para relembrar que negras, latinas e caribenhas estão longe de terem as mesmas chances do que homens e mulheres brancas. Isso é visto tanto no Brasil - com a violência crescente contra as negras - quanto em nações como os Estados Unidos - que apresentam casos de sexualização e racismo contra latinas.
Caso você ainda não esteja convencide do óbvio, separamos 6 dados que comprovam por que precisamos tanto de datas como esta em nosso calendário.
O feminicídio, quando o homicídio é motivado por gênero, é algo relativamente novo em nossa legislação, com projeto de lei produzido em 2015. Porém, já conseguimos ver, pelos retratos das vítimas, como nosso país é extremamente desigual, não só a respeito do gênero, mas também na pauta racial e econômica. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, das vítimas de feminicídio de 2021, 62% eram negras. O número cresce nas mortes violentas intencionais: 70,7% das assassinadas eram mulheres pretas.
Com mudanças na legislação dos Estados Unidos e um crescente debate sobre o tema no Brasil, o aborto se torna tópico de conversa recorrente. E ser a favor ou contra a legalização não muda o fato de que, todo ano, milhares de mulheres interrompem a gravidez. A questão é quem corre mais risco de morrer por complicações do processo. No caso, a ONG Criola fez esse levantamento na pesquisa "Mulheres Negras e Justiça Reprodutiva" e observou que das mulheres que morreram em decorrência ao aborto ilegal durante a pandemia no Brasil, 45,21% eram negras. Uma das explicações é que as mulheres brancas - que foram 17,8% das vítimas - podem contar com hospitais e auxílio médico de qualidade, pelo maior preço.
A Fundação Peter G. Peterson fez uma análise da média salarial das pessoas nos Estados Unidos em 2020. Sem surpresa, os hispânicos (U$55,3) e negros (u$45,8) estão na base, atrás dos brancos (U$74,9) e asiáticos (U$94,9). Quando vamos para divisão por gênero, as mulheres (U$50,9) continuam ganhando menos dos que os homens (U$61,4). Portanto, temos como as maiores prejudicadas pela disparidade salarial as mulheres latinas e negras.
A diferença salarial também é vista no Brasil, que têm as mulheres negras como algumas das mais pobres do país. Por isso, não é de se chocar que a fome - problema que vem crescendo ainda mais em nossa nação - também prejudique esse grupo com mais força. Segundo o levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), a fome atinge 11,1% dos lares chefiados por mulheres, contra 7,7% dos com pais provedores. Das famílias com mulheres negras no comando, 10,7% tem risco de passar fome. Já nos lares chefiados por mulheres brancas, o índice cai para 7,5%.
Dados disponibilizados pela New Orleans Sexual Assault Response Team, dos Estados Unidos, mostram que as negras e latinas também têm mais chances de serem estupradas ao longo da vida. De acordo com a instituição, 18.8% das vítimas são negras, enquanto 14.6% são hispânicas. Elas estão atrás das mulheres que se consideram de mais uma rança (24.4%) e das indígenas, que lideram com folga, o índice tão brutal com 34.1%. As mulheres brancas têm cerca de 17.7% dos casos, porém, dominam mais de 80% das denúncias.
Nos Estados Unidos, as mulheres brancas têm mais cargos de poder do que as latinas, negras e asiáticas. No Brasil - um país latino -, são as mulheres negras que mais lutam por representação política. Apesar dos negros serem a maioria na população brasileira, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostrou que as mulheres negras representavam só 2% do Congresso Nacional. Ou seja, as pessoas que estão liderando e tomando decisões importantes para o povo não fazem parte do grupo que é maioria numérica no país. Um bom ponto para se pensar durante as Eleições de 2022!