Nem sempre podemos contar com o apoio de amigues e familiares para enfrentar um relacionamento abusivo. Às vezes, a vergonha e o medo são mais fortes e impedem conversas honestas sobre o tema. Pensando nisso, o Instituto AzMina criou uma assistente virtual, chamada Penha, para auxiliar vítimas em todo o país.
Com o objetivo de ajudar meninas e mulheres a reconheceram sinais de abuso e saber como proceder, a Penha foi lançada em agosto, na semana em que a Lei Maria da Penha completou 15 anos. Desde então, mais de 600 pessoas já conversaram com a assistente virtual, seja para buscar ajuda para seu caso pessoal ou para de algume conhecide.
O projeto é baseado no aplicativo PenhaS, também feito pelo AzMina, que tem função parecida. Para entender mais sobre a assistente virtual e como ela pode ajudar no dia a dia, conversamos com Marília Moreira, Gerente de Projeto no Instituto AzMina. Confira!
A violência contra a mulher ainda é uma triste realidade no nosso país. De acordo com pesquisa feita pelo Instituto Datafolha, uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos sofreram algum tipo de violência entre 2020 e 2021. Já mais da metade dos brasileiros relataram ter visto uma mulher sofrer alguma agressão - seja física, psicológica, sexual.
O próprio Instituto AzMina aponta a redução de denúncias durante a pandemia, baseando-se em dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ou seja, o que já era grave, tornou-se ainda pior - e mais difícil de ser denunciado! A assistente virtual Penha é uma parceria do instituto com o Twitter, que deseja auxiliar várias mulheres que não sabem como sair da situação de perigo.
"É fundamental para levar informação de qualidade e gratuita. O fato disso acontecer em uma conversa, onde a pessoa pode seguir diversos caminhos, dependendo da realidade que está vivendo, ajuda ainda mais. Por isso, a Penha não é voltada somente para mulheres em situações de violência, mas para qualquer pessoa que queira saber do assunto ou ajudar alguém próximo", afirma Marília.
Para conversar com a Penha, é preciso mandar uma DM no Twitter para o perfil do AzMina. A partir daí, a assistente virtual fará algumas perguntas e te ajudará a perceber se a sua relação é abusiva. Depois, dependendo do seu caso e seu contexto, ela irá indicar unidades específicas que podem te ajudar a sair da situação de risco.
O AzMina preparou um vídeo bem didático, que explica na prática como funciona uma conversa com a Penha, confira:
De acordo com o AzMina, baseado em pesquisa do Instituto Avon, há diversos motivos que mantém uma mulher em um relacionamento abusivo. Um dos principais é o medo de serem violentas ou mortas ao terminaram a relação. Além disso, também existe muita vergonha em admitir ser vítima ou falar que deseja se separar. É claro que a única pessoa que deve ter vergonha é o agressor, mas na prática pode ser realmente difícil - principalmente se a pessoa não tem acolhimento por parte de amigues ou família.
Por isso, Marília destaca que todos os dados e mensagens trocadas tanto no aplicativo quanto em conversa com a Penha são totalmente secretos. "Privacidade e segurança são premissas do nosso trabalho envolvendo tecnologia e mulheres em situação de violência", afirma. Além disso, não há necessidade de se identificar ou revelar informações pessoais durante o processo.
"O anonimato é garantido, já que não precisamos de informações do usuário para a interação. Nem o Twitter, nem o instituto AzMina utilizam esses dados. A única informação que pedimos, que também não é armazenada, é o CEP - caso a pessoa queira conferir serviços de rede de enfrentamento à violência próximos dela ou de quem ela quer ajudar", explica a coordenadora.
Vale sempre lembrar, é claro, que existem vários tipos de violência. Ou seja, mesmo que seu parceiro não te agrida fisicamente, não quer dizer que você não está em um relacionamento abusivo. Portanto, esteja sempre atenta a sua relação e a de pessoas próximas a você!