Não há quem seja fã da cultura pop e não conheça Taylor Swift hoje em dia. A cantora é dona de nove álbuns, inúmeros recordes nos charts, turnês completamente esgotadas, dez Grammys - número que ainda pode aumentar - e foi eleita artista da década pelo American Music Awards. Taylor é o sucesso em pessoa. Mesmo assim, em pleno 2021, a cantora ainda é referenciada publicamente como "a ex-namorada do...". Este comportamento é completamente vergonhoso e precisa acabar.
Justamente no Mês da História da Mulher, a série "Ginny & Georgia", da Netflix, fez uma "piadinha" um tanto machista sobre Taylor e ela não ficou calada. "Você troca de homem mais rápido do que a Taylor Swift", diz a personagem Ginny (Antonia Gentry) em uma discussão com a mãe. Um tanto irônico, após a Netflix lançar o documentário "Miss Americana", que conta com vários segmentos falando justamente sobre o machismo que Taylor sofreu na mídia - um ponto que a própria cantora enfatizou.
A forma como a sociedade enxerga o valor de uma mulher a partir de seus relacionamentos amorosos é um dos reflexos do patriarcado que mais persiste na mídia, na internet e nas produções audiovisuais. Infelizmente, a opinião pública insiste em atacar mulheres por começarem ou terminarem o namoro com alguém. No Brasil, vimos isso acontecer com Luisa Sonza, que até hoje recebe constantes ataques machistas por conta do fim de seu relacionamento com Whindersson Nunes.
Se uma mulher namora um homem famoso, ela é interesseira. Se ela termina um relacionamento e começa outro logo depois, ela é "fácil" - para não citar nomes piores que são comentados. Precisamos deixar claro: relacionamentos são apenas uma das muitas camadas de nossas vidas. E isso se aplica fácil aos homens, já que conseguem seguir com suas carreiras, fazer sucesso e ter espaço na mídia sem serem resumidos ao "ex" ou ao "marido/namorado" de alguém. Por que, então, não aplicamos esse tratamento para mulheres?
É uma questão simples: que falem de mulheres destacando suas carreiras, seus posicionamentos e suas conquistas. Afinal, quantas vezes Taylor ainda vai ouvir piadas sobre seus relacionamentos passados? Quantas vezes Luisa vai ter que responder a ataques? Quantas vezes Selena Gomez vai ser questionada sobre Justin Bieber? Ou a Bruna Marquezine sobre o Neymar? E a Anitta, quantas vezes vai ter que reafirmar que é uma mulher livre para ficar com quem quiser?
Estas mulheres estão aí, lançando músicas, trabalhando, fazendo sucesso e seguindo seus sonhos. Elas devem ser reconhecidas e lembradas por quem elas são e ponto. Não há mais espaço para associar o nome de uma mulher apenas aos seus relacionamentos. Nós já cansamos disso.