Uma grande polêmica foi levantada recentemente após a atriz Keke Palmer negar comparações com Zendaya na última segunda-feira (25), levantando a questão do colorismo como um dos motores para as pessoas listarem semelhanças e diferenças entre as duas. Por meio do seu Twitter, a estrela de "Não! Não Olhe" explicou porque não merece ser reduzida à uma sombra da sua colega de profissão e deu uma aula sobre pararmos de comparar artistas negras.
Na rede social, Keke comentou sobre uma discussão levantada por uma usuária que chamou a atenção para as semelhanças e diferenças entre as carreiras de Keke Palmer e Zendaya. "Este pode ser um dos exemplos mais claros de como o colorismo funciona em Hollywood. Ambas eram estrelas infantis, mas suas popularidades no mainstream são muito diferentes", explicou.
A internauta seguiu defendendo que, mesmo com a protagonista de "True Jackson" tendo trabalhado em muitas produções diferentes desde que começou como atriz, várias pessoas acreditam que o novo longa que conta com Keke no elenco, "Não! Não Olhe!", é o que a levou ao sucesso.
Irritada com os comentários, Keke decidiu se manifestar: "Um grande exemplo de colorismo é acreditar que posso ser comparada à qualquer uma. Eu sou a apresentadora de talk show mais jovem de todos os tempos. A primeira mulher negra a estrelar seu próprio programa na Nickelodeon e a mais jovem e primeira Cinderela Negra na Broadway. Eu sou um talento incomparável. Querida, isto é Keke Palmer".
"Eu tenho sido protagonista desde que tenho onze anos de idade. Tenho mais de 100 créditos e atualmente estrelo um roteiro original que é número um nas salas de cinema, 'Não! Não Olhe!'. Tive uma carreira abençoada até aqui, não poderia pedir mais, mas Deus continua a me surpreender", finalizou.
Toda essa discussão gera um importante debate sobre porque não devemos comparar artistas negras. Fato é que quando ume artista branco exerce uma profissão de excelência, elu é aclamade, referenciade e se torna ume ícone por si só, sem pertencer à sombra de alguém - principalmente se for homem, cisgênero e heterossexual.
Só que, quando alguém que faz parte de alguma minoria chega em um lugar assim, sempre é comparade com outra pessoa do mesmo grupo. E no momento que isso acontece com mulheres negras, o lugar é mais embaixo. O motivo disso é o fato de que nossa cultura é permeada por um histórico machista e racista que tenta fazer com que mulheres rivalizem entre si e com que pessoas negras tenham menos destaque possível na sociedade.
Então, ao comparar duas artistas talentosíssimas só pelo fato de ambas serem negras, reduzimos todas as suas jornadas e individualidades para dar a entender que só há espaço para uma delas na indústria.
Com essa realidade batendo na porta, precisamos transformar e mudar o lugar-comum. Se não, ao compararmos as duas, estamos trabalhando para que o espaço para mulheres negras seja ainda menor, quando deveríamos exaltá-las e torcer para que as estrelas deem as mãos e nos ajudem a construir um lugar em que comparações sejam desnecessárias e textos como esse nem precisem ser escritos.